Governo do Estado de São Paulo,
por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa,
Livrinho de Papel Finíssimo, Mente Graphco,
Núcleo de Intervenções Artísticas e Rebel Music


APRESENTAM:

Logo Mostra de Arte Punk
Preâmbulo

Introdução

O Punk é um paradoxo… Se você perguntar para 50 punks o que é punk, receberá 50 respostas diferentes. Em muitas cidades do mundo o movimento punk é composto por várias cenas diferentes. Não é segredo pra ninguém que, em grandes cidades, várias vertentes da cultura punk são observadas. Em certos momentos, essas diferenças convivem bem e, muitas outras vezes, não... E essa treta toda acontece exatamente porque não existe um consenso ou uma visão homogênea do que é o punk ou do que é ser punk.

Mas, apesar disso, uma coisa é inegável: os punks se reconhecem pelas ruas, becos, ocupações, clubes, casas de shows e manifestações políticas e culturais na cidade, fato facilmente perceptível em um ambiente nocivamente urbano como a megalópole que é a cidade de São Paulo. Pequenos detalhes nas vestimentas, tatuagens, mochilas ou gírias são razões para que um punk olhe diferente para alguém. Quando punks se cruzam na rua, tentam identificar de qual rolê a outra pessoa é, tendo consciência de que toda uma série de entendimentos que aquela pessoa tem sobre punk pode estar inscrita nela própria; o punk representa o que ele é por dentro ao criar uma estética externa. Essa estética é representada também artisticamente, e os traços estéticos de cada detalhe na composição de uma produção punk inscrevem, de alguma forma, percepções sobre a sociedade em que aquela cena está inserida. O contexto cultural global que o punk constrói e habita tem uma potência artística tão forte que mantém esse movimento não apenas vivo, mas também se adaptando e renovando-se constantemente há décadas.

Olhando pelo ponto de vista da grande mídia, observando-se as músicas mais tocadas nas rádios de música pop, pode-se dizer que o punk teve altos e baixos, mas foram exatamente nos momentos de baixa na mídia que cenas locais diversificaram-se em estéticas, sons e produções diferentes. Quando os holofotes não estão no punk, o mesmo começa a criar coisas novas, antropofagicamente ele vai assimilando aspectos dissidentes que a própria sociedade produz em suas margens. Em meio a esse caldo cultural, décadas de vivências geraram uma multiplicidade de linguagens artísticas.

A difusão de meios de fotocopiar textos levou o punk ao mundo dos fanzines, rupturas de movimentos artísticos influenciaram a expressão de jovens identificados com o punk que passam, por sua vez, a mesclar uma estética surgida nos anos 70, permeada de atitude de faça-você-mesmo, com o dadaísmo dos anos 1910. Diferentes relações feitas entre artes plásticas e temáticas presentes em músicas punks levaram os músicos do movimento a inserirem performances nos seus shows. A necessidade de expressar para além da música fez com que artistas fossem muito cuidadosos nas artes impressas em seus álbuns.

A quantidade de relações é tão gigantesca que não caberia na humilde introdução de uma obra como essa, mas, quando refletimos um pouco mais, percebemos que ser algo tão vasto torna essencial que recortes como o que segue ocorram. Esse é o sentido dessa mostra, proporcionar uma visão de outras linguagens artísticas por diferentes personagens que habitam e convivem em diferentes cenas que coexistem nesse paradoxo cultural chamado Punk. Certamente novas criações seguirão surgindo, novos sentidos serão criados e, assim, novos recortes permanecerão se fazendo necessários.

A produção da Primeira Mostra de Arte Punk foi motivada por uma vontade de mostrar que a cultura punk é maior que sua faceta mais conhecida, que é a musical, mas, também tentar evidenciar o quão ampla e diversificada essa produção é no Brasil. Por si só, isso já justificava mais de uma mostra.

A Segunda Mostra de Arte Punk, então, contexto onde essa apresentação é produzida, começou a ser gestada dias depois do encerramento da primeira. A quantidade de conversas e ideias que aconteceram no espaço do Núcleo de Intervenções Artísticas, na cidade de São Paulo (ou, simplesmente, NIÁ para os artistas e público que frequentam o local) deixaram evidente que muita coisa ficou de fora e que mais espaços como esse se fazem essenciais. Ocorre porém que essa mostra foi pensada em 2019 e, em 2020, veio a pandemia e o lockdown. Tudo o que foi pensado sobre ampliação do espaço de exposição, aumento da divulgação, criação de uma mostra itinerante e etc., teve que ser repensado e adaptado à nova realidade global que estávamos vivendo. Coube ao coletivo construir uma mostra virtual e um catálogo impresso, que ficarão como um reservatório artístico e um recorte, ainda que limitado, desse momento.

Tal como manda a prática do faça-você-mesmo, onde a lógica do “feito” é melhor que a idealização do “perfeito”, tanto na primeira, quanto e sobretudo, nesta segunda mostra, tudo foi pensado, articulado, organizado e produzido por pessoas que fazem parte da movimentação do punk em suas respectivas cenas, tanto em São Paulo, quanto em outras cidades do Brasil. Uma rede de pessoas da subcultura com históricos envolvimentos com a música, a comunicação, a produção visual, produção de gigs e turnês, e muito mais, toda a equipe que trabalhou e construiu essa exposição vem do punk e produz a partir de sua respectiva cena. Uma mostra, enfim, idealizada e construída por punks, das entranhas do presente movimento para os punks das mais diversas gerações, para o grande público e além.

Assim, se o começo do punk é algo nebuloso, podemos dizer que 1977 é o ano em que o mundo notou a existência do movimento. Mais de 40 anos depois dos primeiros jovens se assumirem punks, outras pessoas, em outra parte do mundo, constroem uma arte que vibra na mesma frequência de revolta e indignação dos primeiros tempos do movimento. Produtos de visões de mundo marginais inseridas em um contexto de adoecimento global onde as estruturas de concentração de renda e poder pioram cada vez mais a vida da maioria da população, são impressões que punks de diferentes vertentes e habitats têm tido sobre uma realidade caótica comum. Que os registros fiquem, e que o punk se mantenha como um punho cerrado contra a hipocrisia do sistema capitalista e autofágico, vibrando um sentido alternativo que consegue se renovar e se reconstruir à cada vez em que a sociedade tenta controlá-lo.

Gostaríamos de dedicar essa mostra aos seguintes artistas
punks que infelizmente partiram nos últimos anos,
deixando, porém, uma enorme contribuição para o punk brasileiro:

Alexandre “Bucho”
Alex “Embú”
Antônio Bivar
Cherry Taketani
Douglas Viscaíno
Flávio “Filhote-de Galinha”
Klaudiu “Autogestão”
Macarrão DZK
Marcelo Crozera “Niki Nixon”
Marcio Ferreira “Nhonho”
Marcolândio Gurgel Praxedes “Xinês”
Marina Veneta
Orlando Saltini
Redson Lopes Pozzi
Tina Ramos
Vitor “Zorro”

DEBATE
Punk e Arte: uma relação de longa data!




FICHA TÉCNICA

curadoria
DMNT
PEDRO BRANDÃO
RENATA CAMPOS “TRE”

produção executiva
MENTEGRAPHCO

edição
CAMILO MAIA

textos
CAMILO MAIA
DMNT
PEDRO BRANDÃO

revisão
LEO LIMA

design gráfico
DANIEL LIMA

webdesign
EDUARDO FORELL

fotos de still
FELIPE APPEZATTI

tratamento de imagens
MENTEGRAPHCO

contabilidade
CLAUDIO FLORÊNCIO

produção
DMNT
PEDRO BRANDÃO
RENATA CAMPOS “TRE”
ROGER DURAN TUNES

CONTATO

mostradeartepunk@gmail.com